As tecnologias quânticas – computação, comunicação e sensores – podem ser a melhor esperança da humanidade para um futuro mais sustentável. É o que defende o Fundo Económico Mundial numa nova análise conduzida em parceria com a Accenture e dedicada a orientar governos e empresas sobre as estratégias a seguir para um futuro quântico.
A computação quântica “oferece tremendo potencial para endereçar problemas que não podem ser resolvidos ou levariam demasiado tempo a resolver com os computadores atuais e os que teremos no curto prazo”, lê-se no relatório. A Gartner define a tecnologia quântica como um tipo de computação não tradicional que opera no estado quântico das partículas subatómicas. As partículas representam informação como elementos denotados como bits quânticos, ou qubits. O processamento inovador pode endereçar problemas com uma vasta complexidade de combinações e fazê-lo em muito menos tempo que até o mais avançado dos supercomputadores atuais. Em novembro, Lisboa vai receber a European Quantum Technologies Conference, uma das maiores nesta área.
Embora a computação quântica não esteja ainda pronta para endereçar os desafios do mundo, há algumas áreas que estão a evoluir mais rapidamente. Um exemplo é o consórcio HYDRI, projeto de sensores de hidrogénio para a indústria, que está a explorar como os sensores quânticos podem ajudar a detetar vazamentos de hidrogénio.
Os autores do relatório “Quantum for Society” defendem que as tecnologias quânticas podem acelerar o cumprimento dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), cujo horizonte temporal é 2030. Chegar a estas metas, que vão desde a transição para energias renováveis limpas e cidades sustentáveis a redução de desigualdades e consumo responsável, tornará o mundo mais próspero e sustentável na próxima década.
Mas apesar de avanços registados quando os objetivos foram estabelecidos, em 2015, os últimos anos foram de estagnação. Os dados da ONU indicam que, até 2023, a humanidade fez apenas um progresso mínimo em mais de metade dos objetivos, no rescaldo da pandemia de covid-19, do agravar da crise climática e das tensões geopolíticas que levaram a um aumento dos custos da energia e alimentos em todo o mundo.
Jeremy Jurgens, diretor do Fórum Económico Mundial, defende que há uma “necessidade urgente” de cultivar um ecossistema de tecnologias quânticas, que permita aos empreendedores acederem a financiamento.
“Adicionalmente”, disse, “este relatório oferece reflexões preliminares sobre a computação quântica como uma opção mais verde, analisando o seu potencial para poupar energia”, salientou Jurgens.
A Quantum Energy Initiative (QEI), que foi lançada em 2022, tem como missão assegurar que os computadores quânticos são construídos tendo em consideração o impacto ambiental desde a fase de design. No ano passado, uma análise da QEI indicava que os computadores quânticos têm, de facto, vantagens ao nível do consumo de energia em relação aos computadores atuais. É uma “vantagem energética quântica” que se tornou num propósito para as empresas que estão a trabalhar nisto.
Com seis anos restantes até ao prazo, a ideia é que a tecnologia quântica possa ser a grande inovação necessária para fazer avanços significativos que levem as empresas, sociedades e países mais próximos da meta.
Sustainable technology é o tema da próxima edição da Vodafone Business Conference, que decorre a 11 de outubro no Porto com oradores nacionais e internacionais.
O relatório do Fórum Económico Mundial pode ser consultado aqui.
Ana Rita Guerra