Para reduzir a sua pegada de carbono, as empresas têm de conseguir medi-la, monitorizar a sua evolução e tomar decisões que tenham impactos concretos. É isso que a empresa portuguesa Celfocus quer ajudar a fazer com uma nova plataforma que usa a tecnologia blockchain para garantir a transparência e inviolabilidade dos dados.
“Nós começámos a trabalhar o tema da sustentabilidade porque achamos que realmente é fundamental haver aqui alguma responsabilização não só dos indivíduos, mas também das empresas”, explicou o líder de blockchain da Celfocus, Marco André Carvalho.
“Queremos ajudar as empresas a perceber e a medir as suas pegadas de carbono”, resumiu. “Recolher os dados de forma efetiva, prática e automatizada o máximo possível.” O objetivo do uso de blockchain é garantir que os dados são imutáveis e dar confiança a todas as partes de que foram aqueles fatores que contribuíram para determinada pegada de carbono.
A solução, que está a ser desenvolvida ao abrigo do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência – ainda não está no mercado mas já começa a ser testada.
Um dos primeiros projetos-pilotos foi acordado com a Câmara Municipal do Fundão, que está a apoiar o projeto desde o início. A Celfocus está também a trabalhar com outras empresas ara perceber de que maneira a plataforma pode ajudar o mercado. Há, no futuro, a possibilidade de que a solução venha a integrar a Vodafone Analytics.
“Temos sido muitos inputs, muitos parceiros e muitos clientes que veem valor na solução porque o tema do carbono pode ser difícil de navegar”, afirmou Marco André Carvalho. A medição é apenas uma das componentes. “Depois das empresas perceberem qual é que é a sua pegada e terem os seus números, é preciso tomar ações.”
Um dos caminhos é a redução da pegada, o que depende do tipo de negócio e do sector. “A natureza da empresa vai sempre constranger todos os esforços que podem ser feitos para a redução”, frisou o responsável.
Outra componente é a de compensação da pegada, que pode ser feita através de créditos de carbono.
“Podemos ajudar empresas que investem em projetos, por exemplo, de florestação e outros na criação desses créditos de carbono”, descreveu. A tecnologia blockchain vai “ajudar na transparência na certificação da assertividade com que são calculados.”
Haverá ainda outras tecnologias aplicáveis, tais como camadas de Inteligência Artificial que permitam calcular de forma automática os melhores métodos de redução. “É uma das componentes que achamos que vai realmente fazer a diferença naquilo que vai ser ajudar as empresas a ser mais verdes.”
A Celfocus, empresa do grupo Novabase, tem dois projetos ao abrigo do PRR que totalizam cerca de cinco milhões de euros. Aponta para o final do próximo ano com prazo para ter estas soluções todas a funcionar.
Ana Rita Guerra