Vinte edifícios com painéis fotovoltaicos e uma rede de baterias, bombas de calor e pontos de carregamento elétrico compõem a comunidade energética Caxias Living Lab, uma experiência inédita em Portugal com objetivos ambiciosos. A expectativa é que este projeto-piloto permita aos consumidores residenciais uma redução de 30% nos consumos de rede e menos 20 toneladas de emissões de CO2. É um dos vários projetos de inovação em sustentabilidade da Galp.
“Aquilo que nós queremos fazer é testar soluções e perceber que tipo de necessidades é que os clientes têm”, disse a diretora de inovação da Galp, Ana Casaca, que vai falar desta e de outras iniciativas na Vodafone Business Conference, a 11 de outubro. “O que nós vemos é, de facto, o consumidor final a conseguir os níveis de poupança que nós estávamos a esperar.”
O Caxias Living Lab terá mais tecnologias adicionadas e a previsão é de que irá gerar anualmente 140 MWh de energia “verde”, sendo considerado um laboratório em ambiente real. Ana Casaca chama-lhe uma “sandbox”, um ambiente onde é possível testar inovações mais rapidamente e perceber como encaixam no mercado.
“Temos que encontrar ecossistemas que nos permitam testar tecnologia de uma forma muito rápida”, afirmou, referindo que a Europa deve facilitar a operacionalização destes ambientes sem demasiados entraves regulatórios.
“Nós na Europa somos conhecidos por ter tido um enorme avanço no desenvolvimento de tecnologias ligadas à energia”, salientou. “Aquilo que precisamos de fazer é conseguir escalá-las, conseguir encontrar espaços para testar e depois de uma forma muito rápida introduzi-las no mercado, quando elas assim fazem sentido.”
Outro projeto de inovação em sustentabilidade que a Galp está a conduzir situa-se em Espanha, e está relacionado com baterias de carros elétricos. O programa Second Life Batteries recolhe baterias que já não podem ser usadas nos carros elétricos mas que ainda estão funcionais e dá-lhes uma nova aplicação. “Aquilo que nós vamos fazer é utilizar as baterias de carros como armazenamento de energia”, explicou Ana Casaca.
“O que a tecnologia que nós estamos a testar promete é que, em vez de termos sete anos e passarmos à reciclagem, estamos a conseguir ganhar mais sete anos.” Ou seja, uma bateria de carro vai ter uma vida útil de 14 anos, com fins diferentes, e só depois passará a ser reciclada. É um projeto “muito interessante” de circularidade, considerou a responsável, que se correr bem será escalado.
O Second Life Batteries é feito em parceria com a BeePlanet e a BMW e reutiliza as baterias para alimentar carregadores ultrarrápidos num posto da empresa em Alcalá de Henares, Madrid.
Ana Casaca é uma das oradoras da 6ª edição da Vodafone Business Conference, que decorre esta sexta-feira no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, sob o tema Sustainable Technology. A diretora de inovação da Galp – que tem o desafio de ser uma empresa de energia em plena emergência de transição energética – vai falar de vários projetos inovadores mas sobretudo de como a empresa cria inovação.
“Vou falar sobre como é que nós pegamos em tecnologias e inovações disruptivas e fazemos acontecer no mundo empresarial”, resumiu a responsável, prometendo uma apresentação pragmática em que incluirá várias melhores práticas.
Uma delas é o “processo de compras especial” para inovação que a Galp tem, que lhe permite fazer processos de procurement muito rápidos.
“Posso dizer que existe um antes e um depois deste processo”, garantiu. “Significa que antes existia um processo menos célere com mais passos, o que levava muitas vezes a que a sensação que tínhamos era que se calhar começávamos um processo de compras e demorávamos mais tempo do que efetivamente demorávamos depois a testar a tecnologia.”
No total, a Galp tem 160milhões de euros investidos em Investigação e Desenvolvimento e Inovação, com cerca de 1.000 colaboradores envolvidos. Tem em curso 42 projetos-piloto com startups, não apenas na sustentabilidade mas em todo o universo de inovação, e estima que estes projetos possam resultar em 33 milhões de euros de receitas de comercialização.
Ana Rita Guerra