Mais do que uma nova tecnologia das telecomunicações, a chegada e o desenvolvimento do 5G ao seio das empresas nacionais pode significar uma transformação na forma como se fazem negócios. Para isso, contudo, é necessário que os gestores coloquem o foco “nos modelos de negócio à volta 5G”, garantiu Jaime Trapero, Head of Customer Marketing Iberia da Ericsson, durante a sua intervenção na Vodafone Business Conference, que decorreu esta manhã na Fundação Champalimaud, em Lisboa. À boleia do evento que discute as potencialidades do 5G nos vários setores da economia, Jaime Trapero apelou à criação de políticas públicas ambiciosas e regulação adequada que, garante, poderão permitir “desbloquear 4 mil milhões de dólares até 2030 em Portugal”.
Na base destas receitas potenciais estão os setores da saúde, fabrico e indústria automóvel, embora o impacto inclua outras áreas como a energia, segurança pública ou transportes públicos. No caso da saúde, o responsável da Ericsson fala numa transição do conceito de “healthcare para healthtech”, em que mais do que do que ganhos financeiros prevê ser possível poupar 780 milhões de dólares ao longo da próxima década. A maior velocidade de comunicações e a menor latência que o 5G permite serão a chave para a introdução de consultas virtuais, cirurgias à distância ou ambulâncias conectadas, que viabilizam um contacto em tempo real com os profissionais de saúde, reduzindo o tempo de atuação no tratamento médico.
“O 5G é apenas a base, é necessário conjugá-lo com outras tecnologias” como a Inteligência Artificial ou a Realidade Aumentada. Por outro lado, depois de vários anos a discutir-se a chegada dos veículos autónomos, a aplicação da nova tecnologia de comunicação será a rampa de lançamento para a sua efetiva aplicação no mundo real. Trapero assinala um potencial impacto desta indústria em cerca de 400 milhões de dólares apenas em Portugal, até 2030, já que o 5G permitirá reduzir em 90% a latência das comunicações e, consequentemente, viabilizar a condução autónoma.
Já que estes veículos recolhem elevadas quantidades de dados através dos seus sensores, e que irão necessitar de comunicar com as estradas, sinais de trânsito e outros veículos, Jaime Trapero utiliza o exemplo das ZER – Zonas de Emissões Reduzidas para mostrar as potencialidades da tecnologia. “É possível criar uma barreira digital por causa da poluição em determinadas áreas da cidade, em que a circulação não é permitida”, defende. Para o desenvolvimento e aplicação deste admirável mundo novo, a utilização em massa do 5G é crucial, não apenas pela velocidade de comunicação que permite, mas essencialmente pela sua fiabilidade, segurança e reduzida latência. Trapero remata defendendo que 34% das oportunidades trazidas pela transformação digital será assegurada pelo 5G, tornando-a uma tecnologia impossível de ignorar para as empresas que pretendam manter-se competitivas e na crista da onda da inovação.