Máquinas e robôs serão capazes de interagir com os humanos de uma forma social? Ou seja, é possível desenvolver equipamentos inteligentes capazes de suportar “inteligência social”? Ana Paiva, professora do Departamento de Engenharia Informática do Instituto Superior Técnico e coordenadora do GAIPS – Grupo de Investigação em IA para as Pessoas e a Sociedade do INESC-ID acredita que sim. Mas reconhece que há desafios a ultrapassar.
Lembrando que “cada vez mais delegamos ações nas máquinas”, deixando que os robôs “assumam cada vez mais tarefas”, a professora sublinha que esta é uma transformação que está “a mudar a nossa sociedade”. Na verdade, defende, “estamos a construir uma sociedade híbrida”, com humanos e chatbots a “trabalhar em conjunto” e daí a importância do trabalho na área da inteligência artificial social, que a Ana Paiva apresentou, esta manhã, na Alfândega do Porto, na Vodafone Business Conference – A caminho do futuro.
O objetivo é que as máquinas tenham uma perceção social, ou seja, que reconheçam o outro, o ambiente e o contexto social em que operam, que sejam capazes de interagir tendo em conta as características individuais, de personalidade e culturais dos indivíduos e, claro, que sejam capazes de reconhecer emoções, aprendendo e adaptando-se aos outros. O i-cat, um pequeno gato-robô que ensina as crianças a jogar xadrez, é um exemplo bem conseguido. “Não só percebe as emoções, como se adapta a elas e responde de acordo com o contexto”, garante.
A investigadora, que está, ainda, envolvida noutros projetos, designadamente de combate ao cyberbulling, acredita que a inteligência artificial dotada de competências sociais “é o futuro”, motivando o desenvolvimento de uma sociedade melhor. “A inteligência artificial pode e deve ser usada para o bem social e Portugal deveria estar na linha da frente”, sublinha.