Em 2030, os avanços resultantes da inteligência artificial vão adicionar 15,7 biliões de dólares à economia mundial, elevando o PIB global em 14%. A previsão é da PwC e coloca em perspetiva o impacto económico que este conjunto de tecnologias terá na próxima década, maioritariamente devido a melhorias de produtividade e personalização. Noutro estudo, a McKinsey identifica o sector das viagens, transportes e tecnologia como aqueles em que a IA poderá ter impacto mais profundo em termos relativos.
Mas a sua influência será transversal e vai ver-se em todas as áreas de produção, serviços e estilo de vida; desde os consultórios médicos às autoestradas, fábricas e salas de estar. Com grande impacto, vem grande responsabilidade, e por isso há questões prementes que têm de ser discutidas antes que seja tarde demais: quem regula a aplicação de IA? Quem evita a sua manipulação negativa? Quem garante que é usada para melhorar a vida dos cidadãos, e não para criar ganhadores e perdedores?
Estas são algumas das questões que serão debatidas amanhã por especialistas nacionais e internacionais na Vodafone Business Conference – A Caminho do Futuro. O evento procura situar a discussão sobre os vários aspetos da inteligência artificial que têm de entrar nas contas das empresas – e das sociedades – já, tais como a reorganização que será necessária quando a automação eliminar postos de trabalho e a IA criar empregos que ainda não existem. Ou as estruturas de governação de dados que assegurem a sua privacidade e inviolabilidade; a garantia de que os algoritmos não contêm preconceitos; e o entendimento transnacional sobre os limites que a utilização deve ou não ter. A CEO da Addo AI Ayesha Khanna e a vice-presidente de inteligência artificial do grupo Sage Kriti Sharma vão explicar a sua visão sobre estes temas macro, enquanto a investigadora portuguesa Ana Paiva irá falar sobre a IA para benefício da sociedade.
A professora do IST, que tem mais de duas décadas de trabalho nesta área, tem também uma visão mais localizada sobre o estado do mercado de inteligência artificia em Portugal, em especial na sua componente científica. A responsável acredita mesmo que o país tem condições para se afirmar, a nível europeu, como centro de excelência nestas tecnologias. Uma crença que, de resto, é partilhada por vários outros especialistas e empresários ligados ao sector, como Vasco Pedro, CEO da Unbabel, e Paulo Novais, presidente da Associação Portuguesa Para a Inteligência Artificial.
A conferência será também palco da apresentação das conclusões da 3ª edição do Barómetro de Tendências Globais da Vodafone, que pela primeira vez inclui Portugal e tem como um dos focos precisamente a inteligência artificial.
A operadora, que já utiliza serviços alimentados a IA dentro das suas operações internas, está também a posicionar-se no mercado como fornecedora de soluções que abrem caminho para a aplicação de inteligência artificial. O propósito de juntar empresários, académicos e especialistas nesta área na Alfândega do Porto, onde decorrerá a conferência, é suscitar a discussão e posicionar-se nela, numa altura em que está a ser preparada uma estratégia nacional para a IA e que muitas empresas começam, como se vê pelos resultados do Barómetro, a planear a sua introdução.
Ana Rita Guerra, Los Angeles