Quantas pessoas circulam à porta de uma loja entre as 9 e as 10 da manhã de quarta-feira? Quais os padrões de movimento de consumidores na zona norte de um centro comercial? De que tipologia de pessoas se trata? Estas são algumas das questões que a Jones Lang LaSalle (JLL) Portugal poderá ver respondidas pela plataforma de analítica que está a ser implementada neste momento. De acordo com o diretor geral Pedro Lancastre, trata-se de uma solução de analítica da Vodafone que começou no ano passado em Espanha e está agora “em processo de ser expandido para outros países JLL, nomeadamente Portugal.” Após a fase inicial de análise, a plataforma está em implementação e a expectativa é de que as equipas portuguesas comecem a utilizar a solução integral durante o primeiro semestre de 2019.
Mafalda Alves Dias, diretora de grandes contas e sector público da Vodafone Portugal, explicou ao Dinheiro Vivo que os dados são obtidos através do registo de pessoas na rede da operadora, que constituem “uma amostra estatística muito significativa.” A solução da empresa pode incluir uma variedade de informações sobre a afluência de pessoas (nas cidades de Lisboa e Porto) e incluir dados estatísticos tais como a distribuição por género, faixa etária, residentes ou turistas (e de que países são), trabalhadores da zona e visitantes de fora. É possível ainda obter dados sobre o perfil de utilização de dispositivos móveis e a utilização da TV Vodafone. A recolha e processamento desses dados estabelece a base sobre a qual serão usadas ferramentas de inteligência artificial, “porque a IA precisa de dados para aprender e evoluir”, afirma Mafalda Alves Dias.
A JLL pode então cruzar estes dados com os públicos-alvo dos seus clientes, que são sobretudo empresas de hotelaria, escritórios e retalho, e definir zonas preferenciais nas cidades para a abertura de estabelecimentos. Esta identificação de padrões de movimento e localização de pessoas servirá os projetos de cada cliente de forma diferente. E, segundo Pedro Lancastre, com garantia de privacidade: “A informação que nos chega da Vodafone é informação totalmente anonimizada, ou seja, nunca são facultados dados dos clientes que possam levar a uma identificação individual”, sublinha. “O que nos chega são apenas dados quantitativos.”
Segundo o diretor geral, a utilização dos dados provenientes da solução pode ser feita de duas formas. “A abordagem preferencial passa por, através de um processo de integração, “consumirmos” utilizando uma plataforma interna JLL que cruza os dados da Vodafone com outras fontes de dados, sejam elas internas sejam de outros parceiros ou entidades legais”, explica Pedro Lancastre. Outra abordagem é a utilização integral da plataforma da Vodafone, sendo que isto é feito em projetos ou clientes muito específicos.
A informação em bruto que a especialista em imobiliário comercial recebe da Vodafone, através de protocolo de integração, é depois analisada por uma equipa de cientistas de dados que irá trabalhar em conjunto com as equipas de negócio. A ideia é preparar a informação “através de algoritmos próprios e processo de IA”, explica Pedro Lancastre, “de forma extrair os dados mais relevantes para cada área de negócio.”
Com uma equipa de 304 profissionais e 11 áreas de negócio, a JLL tem um mercado-alvo alargado, que abrange todos os que “têm necessidade de serviços imobiliários”, desde a compra ou arrendamento de imóveis à gestão de portfólios e investimento. O diretor geral garante que o mercado tem reagido bem à proposta transversal da empresa, que presta serviços de agência, investimento, desenvolvimento urbano, consultoria estratégica e avaliações, entre outras. “Atravessamos um dos nossos melhores momentos de sempre e vamos consolidar este nosso posicionamento 360º para o sector imobiliário”, garante, prevendo “um ano de muito trabalho” para 2019.
Ana Rita Guerra, Los Angeles