Os números são encorajadores e apontam para uma oportunidade de negócio cada vez maior. No final de 2023, a Europa estava na linha da frente das instalações de sistemas domésticos de gestão de energia fotovoltaica, bem acima da América do Norte.
A região europeia duplicou o número de sistemas no ano passado, instalando 1,1 milhões para atingir um total de 2,2 milhões, segundo o novo relatório da Berg Insight. A firma define sistemas HEMS (home energy management systems) como sendo compostos no mínimo por painéis solares, sistema de armazenamento e software de gestão via web ou aplicação móvel. Quando são mais completos, os HEMS integram geradores, carregadores de veículos elétricos, bombas de calor, eletrodomésticos e outros sistemas conectados. Estes sistemas têm a capacidade de aliviar a pressão sobre a rede elétrica, sobretudo nos picos, o que é considerado crucial para um futuro sustentável e fiável ao nível do fornecimento.
Os 1,1 milhões adicionados incluem novos sistemas fotovoltaicos e também a adaptação de sistemas existentes, com a adição de baterias de armazenamento.
O analista principal da Berg Insight, Martin Apelgren, olha para os números com otimismo, apesar de haver um caminho a percorrer.
“O mercado HEMS na Europa e América do Norte cresceu substancialmente em 2023, impulsionado pelo interesse dos proprietários em poupar nos custos de eletricidade, tornarem-se mais resilientes ao nível energético e reduzir as emissões de CO2.”
Subsídios governamentais, incentivos fiscais e tarifas têm influenciado a adoção de sistemas HEMS, explicou o analista.
“Recentes mudanças de políticas em mercados-chave da Europa e América do Norte, tal como a implementação do NEW 3.0 na Califórnia, catalisaram o mercado HEMS”, frisou.
Fontes de energia renovável como a fotovoltaica e eólica estão a ter mais peso no mix de vários países, com o aumento da procura por causa da adoção de veículos elétricos, bombas de calor e outros dispositivos nas casas. Isto amplifica a volatilidade da oferta e estica a capacidade da rede, diz o relatório, e é aí que os sistemas HEMS beneficiam o mercado.
“A possibilidade de reduzir o consumo de eletricidade na rede durante as horas de pico usando HEMS será de importância vital daqui para a frente, tanto para as casas individuais como para a sociedade como um todo”, notou Apelgren.
Embora o relatório aponte que a a taxa de penetração ainda é baixa, com 1,8% na Europa, a comparação com Estados Unidos e Canadá mostra que região está mais avançada. A Alemanha é, de longe, o mercado mais desenvolvido, com mais de metade dos sistemas instalados em 2023.
Na América do Norte, o número de sistemas instalados é de apenas 600 mil, 95% dos quais nos Estados Unidos e o resto no Canadá. Os estados que lideram são Califórnia, Texas e Havai.
Os próximos anos serão de crescimento e a perspetiva é que o número de HEMS atinja 10,3 milhões de instalações na Europa em 2028, correspondente a uma taxa de penetração de 8,2%. Trata-se de um crescimento anual composto de 36,7%.
Na América do Norte, o número absoluto será bem mais baixo, cerca de três milhões de HEMS dentro de quatro anos. É uma taxa de penetração de 2,5%, com um ritmo de crescimento anual compostos de 38,3%.
Ana Rita Guerra