No Economic Environmental and Social Report (EES Report) referente a 2023, a Sonae Sierra divulgou marcos importantes na sua estratégia de ecoeficiência. A empresa que gere espaços como o Colombo, Atrium Saldanha, Via Catarina ou MadeiraShopping, conseguiu evitar custos operacionais de 22 milhões de euros em 2023 e atingiu uma redução de 88% das emissões de gases com efeito de estufa nos últimos vinte anos.
“Nós estamos a implementar medidas em três âmbitos”, explicou ao Dinheiro Vivo a diretora de Sustentabilidade da Sonae Sierra, Elsa Monteiro. “Um que são medidas de redução de consumo de energia, portanto instalação de sistemas e equipamentos mais eficientes do ponto de vista energético e também a alteração na iluminação”, descreveu.
A maioria do consumo tem a ver com a utilização do sistema de ar condicionado e ventilação, indicou. “As medidas de eficiência energética que envolvem a substituição de sistemas e de equipamentos mais eficientes na parte de sistemas de ar condicionado e de gestão térmica do edifício são aquelas que têm maior impacto na redução do consumo de energia e também na redução das emissões.”
E outro aspeto em que a Sonae Sierra também está a investir é na compra de energia verde, contratando energia de fontes renováveis para reduzir a pegada.
Para monitorizar os avanços e perceber onde são precisas mudanças, a empresa tem um sistema, Bright 2.0, que identificou 150 medidas de melhoria até ao final de 2023. Replicando um centro comercial através de um gémeo digital, a empresa consegue modular o centro ideal, aplicando as melhores tecnologias disponíveis e equipamentos mais eficientes para ver qual seria o consumo de energia. As medidas identificadas pelo sistema representam um potencial de poupança anual de energia de 33%, equivalente a 6,5 milhões de euros.
Cada edifício da empresa tem um sistema de gestão técnica centralizada, que determina a que horas é que cada equipamento começa a funcionar e gere coisas como iluminação e temperatura. “Nós otimizamos a gestão dos equipamentos em função da utilização do edifício, da taxa de ocupação, do tipo de clima que está”, indicou a responsável.
A empresa usa sensores de ocupação e temperatura e com novas aplicações de Inteligência Artificial consegue automatizar a otimização. “É possível a própria máquina definir quando liga e desliga em função de determinadas características que estejam a ocorrer ao nível da ocupação, ao nível de aumentos de temperatura exterior, há variáveis que são pré-definidas e é a máquina que já gere sozinha”, explicou Elsa Monteiro.
Com diretivas europeias que vão empurrar as empresas portuguesas para operações mais sustentáveis, Elsa Monteiro indica que mesmo as organizações que não ficam de fora vão adaptar-se.
“Vai necessariamente verificar-se alguma atuação por parte de um maior número de empresas que não estão diretamente abrangidas pela diretiva, por serem cadeia de valor de grandes empresas que sim estão abrangidas pela diretiva”, frisou.
A diretora notou que há “uma crescente preocupação” dos consumidores a este nível, embora ainda seja incipiente o impacto nas opções de compra. E deixou um repto para o futuro.
“A minha expectativa é que cada vez mais empresas, indivíduos, organizações trabalhem todos na mesma direção e com os mesmos objetivos”, afirmou. “Só temos um planeta.”
A tecnologia sustentável é o tema da 6ª edição da Vodafone Business Conference, que decorre no Porto na próxima semana. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas neste link.
Ana Rita Guerra