Há um tendência crescente no mundo da música. Da Europa aos Estados Unidos, as promotoras estão a implementar medidas para mitigar a sua pegada e o seu impacto nas comunidades que recebem os festivais.
A Golden Voice, que organiza o Coachella e Cali Vibes na Califórnia, tem estado a trabalhar na proibição de plásticos de utilização única e na reutilização de materiais, bem como o uso de biodiesel e fontes de energia alternativas nos geradores. O Burning Man, no deserto do Nevada, tem o objetivo de eliminar a pegada de carbono e divulgou um “roadmap ambicioso” para 2030, que inclui a intenção de tornar a cidade temporária que é montada para o festival “ecologicamente regenerativa.”
Nalguns eventos, a tecnologia está a dar uma ajuda para mitigar os impactos. Por exemplo, com a utilização de um chão inteligente como o da Pavegen, que transforma os movimentos de dança em energia cinética e alimenta parte dos sistemas. Também a Instagrid, sediada na Alemanha, criou geradores portáteis e alimentados por baterias que podem ser colocados mais perto dos palcos, reduzindo o número de geradores e de cabos necessários.
A consciencialização tem aumentado e há até artistas que começam a ter requisitos relacionados com a sustentabilidade dos eventos onde participam. A questão está agora na linha da frente das promotoras e isso mesmo é refletido no estudo anual divulgado pela organização sem fins lucrativos A Greener Future, que compilou dados de cerca de 40 festivais europeus. A pesquisa encontrou avanços significativos em sustentabilidade, tais como uma redução dos desperdícios médios por pessoa de 0,75 kg para 0,5kg, eventos que se tornaram parcial ou totalmente veganos e o aumento das proibições de plásticos de utilização única de 54% para 75% dos festivais.
“Estamos a ver progresso, mas mais tem de ser feito para adaptar a um clima mais extremo e em mudança”, disse a CEO da AGF, Claire O’Neill, sobre o relatório. “Há uma enorme oportunidade para colaboração com sectores como transportes, energia, água e comida, que têm objetivos de carbono zero e proteção dos ecossistemas”, continuou.
O estudo identificou um crescimento do número de festivais que estão a adotar combustíveis renováveis como biodiesel, mas os autores alertaram para a necessidade de reduzir o uso global e melhorar a disponibilidade de sistemas híbridos e baseados em baterias, de forma a descarbonizar o sector.
“Novas formas de fazer as coisas precisam de plataformas dinâmicas e atrativas para chegar às pessoas, que é o que são os festivais”, considerou O’Neill. “Embora o progresso seja bom, o cenário está a mudar de forma adversa. Estamos a caminho do carbono zero mas o caminho tornou-se mais íngreme, por isso temos de continuar a elevar o jogo.”
Ana Rita Guerra