“O centro de demonstrações da Vodafone em Lisboa vai disponibilizar, a partir de maio, uma nova forma de mostrar soluções empresariais: tecnologia imersiva. Agora em fase de protótipo, a iniciativa assenta nos óculos de realidade misturada da Microsoft, HoloLens, com o intuito de transportar os clientes para um ambiente imersivo que permita visualizar as funcionalidades da solução em causa.
“O objetivo é demonstrar quinze soluções do nosso portfólio empresarial”, explicou ao Dinheiro Vivo a responsável do Enterprise Solutions Demos Center, Marisa Gomes. “Trazemos para o centro de demonstrações uma experiência de realidade estendida”, indicou, referindo-se ao conceito que engloba cenários de realidade virtual, realidade aumentada e realidade misturada.
A ideia é dinamizar apresentações que, no formato tradicional, são aborrecidas e repetitivas, baseadas em painéis de controlo e gestão de uma plataforma. Com uns óculos de realidade misturada, em que o utilizador tem uma experiência imersiva sem perder noção do que o rodeia, a demonstração torna-se dinâmica e intuitiva.
“É uma simulação visual muito mais apelativa”, descreveu Marisa Gomes. “Trouxemos a experiência dos HoloLens para que o cliente consiga ver ou simular uma cidade prototipada.” Por exemplo, o responsável de um município pode colocar os óculos e ver como funciona, numa cidade virtual, o alerta de ruptura num sistema de rega ou o aviso de que um edifício tem todas as luzes acesas às dez da noite.
“É este tipo de experiência que estamos a querer criar no centro, para que seja mais atrativo e mais facilmente percecionado pelo cliente [o que são] as vantagens destas soluções”, indicou a responsável. A Vodafone escolheu os HoloLens porque oferecem uma experiência muito imersiva mas não a 100%, permitindo que o utilizador mantenha a noção do seu espaço físico.
Mercado português está mais aberto
A ideia é que o conceito seja testado em Lisboa nos primeiros três meses e depois seja transportado para outras partes do território nacional, nomeadamente no Porto, onde a Vodafone também tem um centro de demonstrações. Mas porquê agora?
A introdução da novidade insere-se num contexto mais alargado de exploração das ferramentas de realidade estendida (XR, na sigla inglesa) e as possibilidades adicionais que chegaram com a implementação do 5G, num contexto pós-pandémico.
“A realidade aumentada teve um aumento da procura com a pandemia”, indicou Marisa Gomes. “O mercado também amadureceu. Não há dúvida que a digitalização e o ver e o apresentar coisas à distância e não estar a ver a não ser através do ecrã não era algo muito bem aceite em Portugal até há muito pouco tempo”, explicou.
Agora, as coisas estão diferentes e o mercado mais recetivo, no seguimento de uma disrupção significativa em sectores como o imobiliário, a indústria ou o retalho. “A pandemia acelerou. É inquestionável que as empresas olharam de outra forma para a montra digital”, continuou a executiva.
É por isso que há agora mais abertura para considerar a implementação de XR nas organizações, capitalizando nas capacidades do 5G em comparação com o 4G, já que a nova geração móvel está mais bem preparada para soluções que são pesadas e ocupam muitos recursos na rede. A demonstração com o HoloLens não só permite visualizar de forma mais prática as características de soluções empresariais, como também evidencia os potenciais benefícios de usar XR nas próprias organizações.
“As cidades inteligentes têm a questão da eficiência energética muito em cima da mesa, porque há custos de dissipação de energia e é um grande foco de atenção dos municípios”, afirmou a responsável da Vodafone. “Esta experiência já permite ter a noção dos benefícios evidentes da ‘Smart Energy’, o nome da solução, mas se quisermos podemos passar ao cliente que ele próprio no terreno, com uma experiência de realidade aumentada, podia fazer uma coisa tão interessante quanto manutenção à distância”.
Ana Rita Guerra