Entre o potencial e o que já está a acontecer no terreno, a aplicação das tecnologias imersivas abrangidas pelo conceito de realidade estendida – Extended Reality ou XR – deixaram o plano da futurologia para começarem a entrar na vida das empresas. Foi isso que a Vodafone Portugal quis mostrar na quarta edição da Vodafone Business Conference, que decorreu no Palácio da Bolsa do Porto em parceria com o grupo Global Media.
“2022 vai ser o ano em que vamos arrancar com a Extended Reality“, disse ao Dinheiro Vivo Henrique Fonseca, administrador da Vodafone com o pelouro da unidade de negócios empresarial. “Vai demorar um bocado até ficar massificado, mas não há dúvida nenhuma que vamos arrancar com isto”, salientou.
Segundo explicou o executivo, a Vodafone escolheu o tema da XR para esta edição da conferência precisamente por considerar que as coisas já estão a acontecer e vão acelerar. “São tecnologias que agora com o 5G achamos que se podem desenvolver muito”, afirmou, frisando que isso já está a acontecer noutros países. “Queremos trazer esse tema para poder, junto dos nossos empresários e dos nossos clientes, explicar como é que estas tecnologias podem ser utilizadas para serem mais eficientes e aumentar a sua rentabilidade, serem mais inovadores e servirem melhor os seus clientes.”
Henrique Fonseca disse que a Vodafone pretende ter vários papéis nesta área, além do fornecimento de conectividade.
“Vemos a tecnologia como um enabler, como algo que vai permitir utilizar estas tecnologias de uma forma mais rápida e mais eficaz, e nesse âmbito a Vodafone não quer ser apenas um enabler, quer ser um cocriador”, afirmou.
Foi também nesse sentido que falou o CEO da empresa, Mário Vaz, à margem da conferência. “O que nós somos essencialmente é um enabler, nós facilitamos e somos um player central para agregar aquilo que são as necessidades das empresas, aquilo que a tecnologia possibilita”, sublinhou. O executivo falou da operadora como uma “one-stop-shop” que pode ajudar as empresas portuguesas a acelerarem os seus processos de transformação digital, algo que ainda está atrasado em Portugal, de acordo com um estudo que a Vodafone conduziu recentemente.
“Não é surpreendente, infelizmente, porque apenas 7% das empresas reconhecem que já implementaram um plano de transformação digital”, disse. “É mais geral do que o que estamos aqui a falar, da realidade estendida, estamos a falar de transformação digital como um todo. Um quinto das empresas ainda não iniciou sequer um processo sobre o mesmo. Outras já estão nessa fase.”
Mário Vaz considerou, no entanto, que é possível olhar para estes dados como um catalisador para a mudança. “Com apenas 7% de empresas que já executaram esses planos, as demais, quanto mais depressa o fizerem mais vantagens vão ter do ponto de vista competitivo”, destacou, “porque todos sabemos que o futuro assenta no digital e é necessário iniciar esta transformação o mais depressa possível.” O CEO disse que a conferência sobre XR pretendeu também “dar um contributo e um alerta e uma chamada de atenção para a necessidade de aceleração dessa transformação”.
E todo o tipo de empresas será tocado por estas tecnologias, considerou Mafalda Alves Dias, diretora de setor público e grandes contas da Vodafone Portugal.
“Todos os setores vão, de uma maneira ou de outra, conseguir trabalhar com realidade estendida e trazer isto para os seus negócios e trazer mais valor para os clientes”, disse a executiva à margem da conferência. “A realidade estendida vai fazer parte da realidade.”
Mafalda Alves Dias lembrou que a própria Vodafone já utiliza realidade aumentada no seu apoio a clientes, tem vários casos de XR no setor industrial, com a reparação de máquinas e apoio, e também no retalho. “Um caso de que muita gente gosta é irmos a passear pelo supermercado, perguntarmos onde é que estão as pizas e o nosso telefone dizer-nos o caminho e onde está o produto de que estamos à procura.”
Um dos objetivos da conferência, disse, foi mostrar aos empresários portugueses que esta é uma tecnologia que veio para ficar. “Não vale a pena tentarmos contornar este tipo de soluções porque vão fazer parte do nosso dia-a-dia”, afirmou, esperando que quem assistiu às palestras tenha sido estimulado para pensar em ideias novas e como estas tecnologias vão trazer inovação aos seus negócios.
Na base do impulso está o 5G, por ser “crucial” para dar uma boa experiência aos utilizadores. “A baixa latência e a velocidade da rede vão permitir uma experiência muito mais imersiva para quem estiver a utilizar”, sublinhou. “Nós conseguimos usar estas tecnologias com base em tecnologia 4G, mas o 5G vai transformar isto numa experiência mais enriquecedora e muito mais imersiva.”
Ana Rita Guerra