De sobretudo preto e semblante sério, com os óculos e o chapéu que o caracterizavam, Fernando Pessoa move-se na calçada portuguesa, ao lado de um fontanário, falando da sua carreira. Olhar para a sua figura imponente sulcando as ruas por onde andou, há mais de cem anos, é uma visão notável. Não se trata de um ator nem de um desenho animado, mas sim de um avatar 3D desenvolvido pela startup Nimest Tech para um produto virado para o turismo.
Fernando Pessoa é uma das várias personalidades históricas portuguesas que foram trazidas para a vida, através de realidade aumentada, pela empresa sediada no Porto.
“Temos nove personagens, desde o Fernando Pessoa a Almada Negreiros ou Marquês de Pombal, e eles falam sobre as suas vidas e contam histórias aos turistas usando realidade aumentada”, explicou ao Dinheiro Vivo Carlos Morais, diretor executivo da Nimest Tech.
“São seres humanos virtuais”, continuou, explicando que eles surgem em locais específicos onde podem contar aos turistas aspetos das suas vidas e como se ligam a eventos históricos.
Todo o conceito desta solução, denominada 4D Travel, foi desenvolvido durante a incubação da Nimest no Vodafone Power Lab, o programa de aceleração que a operadora tem em Portugal.
No entanto, a tecnologia que está por trás é adaptável a qualquer sector onde haja interação humano-máquina, e é aí que a startup está a tentar operar uma transformação.
“A Nimest é uma empresa que nasceu com a visão de criar humanos virtuais, ter avatares que possam interagir connosco de uma forma que modifica a interação humano-máquina”, explicou Carlos Morais. “Em vez de usar textos e botões para interagir com serviços de informática, conseguimos fazer essa interação de forma mais real e social.”
Por exemplo: o site de um banco pode introduzir avatares 3D para modificar a forma como os clientes interagem com o seu serviço, poupando-lhes os passos convencionais necessários para executar um pedido.
“Imaginamos um formato em que esses humanos virtuais façam toda a comunicação com as bases de dados de um serviço bancário, por exemplo”, disse Morais, “e nós fazemos uma conversa com um agente virtual como se estivéssemos a conversar com o gerente do banco.” Isto pode ser numa ambiente elaborado do metaverso, que é um dos tópicos mais quentes do momento, ou num simples site.
“O meio não importa muito”, esclareceu Carlos Morais. “Pode ser um site na web, como se estivesse a fazer uma vídeochamada, pode ser no smartphone, pode ser com displays holográficos”, como por exemplo os óculos de realidade aumentada Magic Leap.
Ana Rita Guerra