De todos os sítios onde os empreendedores estão habituados a fazerem o “pitch” das suas ideias, um ringue de boxe não é a primeira (ou a última) coisa que se imagina. Mas é aí que a nova competição do programa de incubação Vodafone Power Lab vai decidir o vencedor, num formato diferente com um prémio de até 20 mil euros.
“Adotámos este ano um formato internacional, desenvolvido pelo grupo Unknown, que é o “Get in the Ring“”, diz ao Dinheiro Vivo Fátima Cardoso, responsável pelo Vodafone Power Lab. “As startups vão literalmente para dentro de um ringue competir pelo título de vencedores, e isto acontece numa dinâmica semelhante a uma competição de boxe”, descreve. “Em cada ronda as startups têm de explicar a sua solução dentro de determinadas áreas e o júri e a audiência vão escolher qual é a que avança para a eliminatória seguinte.”
O vencedor da competição ganhará um prémio de até 20 mil euros, acesso ao Vodafone Power Lab e a possibilidade e ir à final global do Get in the Ring, que junta os vencedores locais do ano. A organização é da Building Global Innovators(BGI) com a parceria do EIT Urban Mobility e da Câmara Municipal de Lisboa, através da plataforma Made of Lisboa.
As candidaturas estão abertas até 29 de abril e as áreas em que o Power Lab está a pedir soluções inovadoras são em realidade estendida (XR), Big Data, mobilidade inteligente e automação e gamificação. O combate no ringue acontecerá a 31 de maio, onde estarão presentes 16 startups, 4 por área.
Para lá do formato diferente, Fátima Cardoso sublinha que esta competição anual é uma componente importante dos objetivos e do trabalho que o Vodafone Power Lab faz desde 2009, incubando entre dez e vinte startups por ano.
“É uma relação de mútuo benefício”, indica. As startups acedem a ferramentas, tecnologias e mentores dentro da Vodafone, podendo apresentar as suas soluções a várias equipas dentro da operadora, tanto em Portugal como noutros países, e acedem a uma rede de potenciais investidores e clientes. Para a Vodafone “é importante porque vamos conhecendo soluções inovadoras com o potencial de mais tarde poderem ser aplicadas ao seu negócio”, disse a executiva. “Vai trazer mais valor acrescentado para os nossos clientes.”
O Power Lab não faz investimento direto e não quer ficar com a propriedade das soluções, mas continua a acompanhar as empresas após o fim do período de incubação.
“Aquilo que nos propomos fazer é criar este ecossistema que junta a Vodafone, parceiros, clientes empresariais e estas startups, os empreendedores, muitas vezes também o ecossistema universitário, para que possamos criar aqui uma partilha não só de conhecimento como de boas práticas”, sublinha.
Há vários casos de sucesso entre as startups incubadas no passado, como o de uma empresa que vai fazer parte do sistema de bilhética para os festivais aos quais a Vodafone está associada.
Na área da realidade estendida, que engloba tecnologias imersivas como a realidade aumentada e a realidade virtual e é uma das áreas da nova competição,, o Power Lab incubou nos últimos dois anos duas startups com indicadores muito promissores. Uma é a Nimest, que criou uma solução de realidade aumentada para turismo e está a trabalhar numa aplicação de aprendizagem de idiomas, e a outra é a FootAR, que propõe criar o metaverso para desportos ao vivo.
No total, o Vodafone Power Lab acelerou 180 startups que potenciaram a criação de cerca de 170 novos empregos.
“O importante é nutrir este ecossistema de inovação e empreendedorismo”, sublinha Fátima Cardoso, “para que possamos ir partilhando estas ferramentas e melhores práticas que nos permitam estar sempre atentos e por dentro do desenvolvimento destas tecnologias.”
Ana Rita Guerra