A Vodafone Business Conference sobre Realidade Estendida (XR), que decorre esta quinta-feira, 19 de maio, no Palácio da Bolsa do Porto, vai debruçar-se sobre uma indústria que está em explosão na Europa. De acordo com as estimativas da Comissão Europeia, plasmadas no documento de Estratégia Digital, a XR vai criar entre 1,2 e 2,4 milhões de novos empregos na Europa até 2025, sendo que 800 mil postos de trabalho serão de criação direta.
O estudo realizado pela Ecorys e pela XR Association, publicado em 2021, refere que mais de 93% das empresas inquiridas preveem um crescimento “moderado a exponencial” nas vendas ligadas à XR nos próximos três anos.
A expectativa é de que os mercados europeus ligados à realidade estendida irão crescer entre 35 e 65 mil milhões de euros até 2025, sendo que a XR para empresas deverá ultrapassar os usos comerciais.
“A Comissão Europeia está a apoiar a investigação e inovação num ecossistema europeu de XR, garantindo que os nossos valores europeus são defendidos”, indica a CE na porção da estratégia digital dedicada à realidade estendida.
“O desenvolvimento de tecnologias como o 5G/6G, dados, Inteligência Artificial, computação edge e na nuvem oferecem novos e poderosos meios à XR”, continua. “A Comissão Europeia está também a encorajar a fertilização transversal entre disciplinas e domínios, com um foco especial na indústria e PME, que irão dar suporte à Europa para que se torne numa força na XR.”
É precisamente num consórcio europeu que o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro está envolvido, com financiamento de 300 mil euros no âmbito do programa UE pela Saúde, num projeto de realidade virtual. A administradora Elsa Justino e o médico intensivista Ricardo Amaral vão explicar na conferência o trabalho que está a ser feito e como pode inovar no treino dos profissionais de saúde.
O médico, que tem feito o treino de equipas e está nos cuidados intensivos e emergência médica “vai dar o ponto de vista de quem precisa de treinar”, disse ao Dinheiro Vivo Elsa Justino. “Vamos levar imagens do que estamos a fazer e do que acontece na sala.”
A administradora frisou a importância que a saúde tem, tanto para a sociedade como para a economia, e as sinergias que poderão ser criadas com a utilização de tecnologias imersivas.
“Se calhar as pessoas não têm noção, mas o sector da saúde em Portugal neste momento já representa 10% a 12% do PIB”, referiu. “Tudo o que é saúde tem um peso muito grande na sociedade”, continuou, lembrando que “as questões da saúde são cada vez mais ligadas à longevidade.”
É também no contexto europeu que tem sido feito muito do trabalho dos oradores internacionais da Vodafone Business Conference, Jeremy Dalton (diretor de tecnologias do metaverso da PwC Reino Unido) e Alex Rühl (fundadora do estúdio de realidade virtual CATS are not PEAS). Dalton tem trabalhado com todo o tipo de empresas na implementação de projetos de realidade estendida, escreveu o livro “Reality Check” em 2021 e colaborou numa pesquisa da PwC sobre o impacto da XR na economia global até 2030, que contabiliza em 1,5 biliões de dólares. É também conselheiro da organização pública Immerse UK, que pretende juntar todas as partes interessadas e desenvolver um ecossistema de realidade estendida com um enquadramento de políticas públicas acertadas.
No caso de Alex Rühl, a especialização em realidade virtual colocou-a numa posição pioneira na indústria, já que criou formas inovadoras de contar histórias e estruturar narrativas neste meio tão novo. A especialista, que foi distinguida várias vezes pelo seu trabalho nos últimos sete anos (The Drum’s 50 under 30, Women of the Future Awards, Pioneers of XR Award) disse ao Dinheiro Vivo que pretende centrar a sua palestra nos utilizadores de realidade virtual. Considerando a tecnologia “única” na sua capacidade de desencadear emoções e reações, irá falar da sua experiência e como ela pode ser aplicada às empresas.
“A realidade aumentada é incrível para coisas utilitárias, para companhias, enquanto a realidade virtual é a forma perfeito de submergir uma pessoa completamente num mundo virtual”, descreveu. “É perfeita para contar histórias, quase como se deixássemos que alguém entrasse num sonho nosso”, continuou. “Estamos numa fase muito incipiente deste meio, ainda que tenhamos meia década desta nova onda de realidade virtual. Ainda estamos a perceber a linguagem cinemática desta tecnologia.”
A Vodafone Business Conference acontece esta quinta-feira no Palácio da Bolsa, no Porto, e terá transmissão em direto no site do Dinheiro Vivo e no site dedicado da conferência.
Ana Rita Guerra