“Tudo o que fazemos será de alguma forma afetado pelo conteúdo imersivo”, garantiu Alex Rühl, fundadora do estúdio de realidade virtual CATS are not PEAS, na sua apresentação durante a Vodafone Business Conference 2022. A falar no Palácio da Bolsa, no Porto, a especialista inglesa explicou porque é que considera que este é o momento certo para as empresas investirem nestes conteúdos.
“Isto só vai ser cada vez mais adotado a partir daqui”, afirmou. “Vão ser vocês os pioneiros e inovadores que irão moldar este meio? Espero que sim.”
As tecnologias da realidade estendida (XR, na sigla inglesa) não são propriamente novas, mas nunca houve uma confluência de fatores tão decisivos para as tornar acessíveis e escaláveis.
“Estamos no início da revolução dos conteúdos espaciais”, declarou Alex Rühl.
“Acredito que este é absolutamente o momento em que vocês devem mergulhar na criação de experiências imersivas.”
Embora a realidade virtual e aumentada ainda sejam muito associadas a videojogos e entretenimento, Rühl procurou mostrar que têm valências importantes para várias indústrias e em diversas vertentes.
Uma delas é a da formação de trabalhadores em matérias que são difíceis de treinar, como a diversidade e inclusão, ou a formação em cenários de perigo e emergência.
“A realidade virtual é, essencialmente, um dispositivo de teletransporte”, disse Alex Rühl. Podemos criar lugares impossíveis”, disse. “Podemos ser viajantes no tempo.”
E podemos também experimentar o que é ter uma raça diferente da nossa e qual a reação que as outras pessoas teriam se fossemos mesmo diferentes. Esse é o propósito da formação “In my Shoes”, criada pela equipa de Alex Rühl, para mostrar as microagressões a que alguém está sujeito devido à sua raça.
“Os utilizadores notam que as pessoas os tratam de forma diferente”, descreveu a especialista. “Há pessoas a chorar quando terminam a experiência”, revelou, dizendo que já foi usada por mais de 6.000 funcionários. “É um catalisador de conversas reais.”
Qualquer que seja o intuito do investimento em realidade virtual, o que a oradora defendeu é que os criadores têm de se centrar na emoção que pretendem que o utilizador sinta. Empatia? Medo? Perigo?
Uma formação que se pode fazer em realidade virtual é o que fazer em cenários de emergência, por exemplo um bombeiro cercado por fogo ou o trabalhador de um armazém preso entre maquinaria.
As chaves para criar bons conteúdos, disse, partem da escolha da perspetiva: estar “aqui” ou ser “esta pessoa.”
“Um dos maiores erros que se comete quando se cria projetos é incluir tanta coisa que se gera FOMO no utilizador”, avisou Rúhl. Ou seja: pode haver a tentação de incluir demasiados pontos focais e isso vai confundir o utilizador, que não sabe se deve estar a olhar para a esquerda quando há coisas a acontecer à direita do seu campo de visão.
“Centrem tudo no sentimento”, disse a especialista, reiterando a mensagem da emoção. A experiência imersiva é tão mais valiosa quanto a sua capacidade de fazer o utilizador sentir alguma coisa – e aprender enquanto o faz.
Ana Rita Guerra