Treinar profissionais de saúde em técnicas invasivas, difíceis de executar e por vezes de rara ocorrência pode conhecer uma revolução com o uso da realidade virtual. O projeto PrepaCare XR, que está a ser desenvolvido pelo Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro em consórcio com universidades europeias, tem precisamente essa expectativa.
“Este ensino e aprendizagem é altamente atrativo para as novas gerações e economicamente vantajoso”, disse a administradora do centro hospitalar, Elsa Justino, na apresentação que fez durante a quarta edição da Vodafone Business Conference, que decorreu esta quinta-feira no Palácio da Bolsa, no Porto.
Com a duração de um ano e um financiamento europeu de 300 mil euros, o PrepaCare irá colocar conteúdos de treino em realidade virtual começando com a via aérea difícil, a intubação de pacientes em estado crítico. A ideia é “desenvolver conteúdo de aprendizagem que use a realidade virtual nas técnicas mais intrusivas”, de acordo com o repto da União Europeia de melhorar o treino de profissionais de saúde na Europa.
“As universidades sozinhas não vão conseguir fazer este treino, porque a prática e as guidelines estão nos hospitais”, disse a administradora. Daí a parceria com o centro hospitalar.
Elsa Justino explicou que a maior parte do treino dos médicos é feito em ambiente real, nas pessoas, e isso acarreta algum risco. “Um dos nossos objetivos é intervir nos públicos”, disse, “com uma aprendizagem sem risco e que possa ser repetida tantas vezes quanto necessário.”
Além disso, esta sistematização virtual permitirá que o conhecimento seja partilhado e a formação feita a partir de qualquer lugar, eliminando o custo de contexto da distância geográfica.
A intenção é “desenvolver soluções modeladas entre ambientes reais e ambientes virtuais, para aumentar a flexibilidade na gestão de conteúdos, instalações e tempos de formação, replicando o conhecimento e visando aumentar o potencial de transferência.”
Ana Rita Guerra