A realidade estendida vai levar inovações sem precedentes a todas as áreas de negócio, num futuro que está mais perto do que parece e terá enormes implicações económicas. Foi o que explicou o diretor de tecnologias do metaverso da PwC Reino Unido, Jeremy Dalton, na sua apresentação durante a Vodafone Business Conference – Extended Reality.
“A XR tem o potencial de contribuir 1,5 biliões de dólares à economia até 2030”, afirmou o especialista, numa apresentação virada para a forma como empresas em todo o mundo estão a usar realidade aumentada e realidade virtual para se transformarem. Estas contas foram feitas pela equipa da PwC em Londres e mostram como as tecnologias imersivas poderão multiplicar casos de utilização com benefícios quantificáveis.
“A XR pode impulsionar resultados de negócio valiosos em diversas funções”, explicou Dalton, falando da formação, desenvolvimento, operações, vendas e marketing, entre outras.
De acordo com o responsável, a realidade virtual é a componente da XR que está a ser mais utilizada atualmente. A componente da realidade aumentada deverá vir a aumentar nos próximos anos, sendo que a realidade virtual deverá continuar a ser prevalecente.
Frisando que a aplicação destas tecnologias não é futurologia, porque já está a ser feita em empresas de todo o mundo, Jeremy Dalton partilhou os resultados de uma pesquisa feita nos últimos dois anos sobre casos de XR em várias indústrias. A pesquisa encontrou 4.000 exemplos de utilização, sendo a grande maioria em engenharia e manufatura (24,1%).
Segue-se retalho e consumo (10,9%), serviços profissionais (10,65%), desporto e lazer (8,97%) e saúde (7,68%).
“Estes números são um mínimo”, frisou Dalton. “Só analisámos informação publicamente disponível”, pelo que se há organizações a fazer projetos e não estão a falar deles, haverá ainda mais exemplos. “Podem esperar que estes números sejam ainda mais elevados.”
Jeremy Dalton deu vários exemplos de empresas que estão com projetos XR em produção: a Ford, o serviço nacional de saúde britânico (NHS), a Poizon, a Boeing, a Promark Telecom, a Coca-Cola, a Sky, GlaxoSmithKline e até mencionou a portuguesa EDP.
Dalton enumerou os desafios mais comuns para a aceleração de investimentos em realidade estendida neste momento: a experiência do utilizador, o custo, a escala, e o conhecimento.
Na experiência, será essencial que o hardware seja leve, cómodo e fácil de usar. Isso melhorará conforme a tecnologia seja otimizada, algo que também está relacionado com o custo – só nos últimos anos, dispositivos de realidade virtual passaram de 1500 para 300 euros, e podemos continuar a esperar que o preço diminua.
A capacidade de escalar a tecnologia para um grande número de utilizadores também diminuirá o custo por pessoa. E no que toca a conhecimento, Jeremy Dalton considera que é necessária uma evangelização para que as empresas percebam que estas tecnologias não são apenas para videojogos.
“Tem muitas aplicações no mundo empresarial, mas não são tão faladas nos meios de comunicação”, salientou Dalton.
E quanto à diversidade de conceitos, que vão da realidade mista ao metaverso, Dalton usou uma definição simples de XR. “É um termo-chapéu para realidade virtual e aumentada”, definiu, “por vezes usada como sinónimo de tecnologias imersivas ou computação espacial.” Os seus usos são diferentes, mas não estão em competição umas com as outras.
“Ambas são muito úteis para os negócios, por diferentes motivos.”
Ana Rita Guerra