Desde que o conceito de Internet das Coisas (IoT) surgiu, no início da década de noventa, o seu crescimento foi imparável: em 2023, o número de dispositivos conectados deverá crescer 16% para 16 mil milhões em todo o mundo. São dados da IoT Analytics que mostram como o mercado continua a expandir, mesmo em tempos de incerteza, com foco na indústria 4.0 e em projetos industriais.
Mas há uma questão que prevalece apesar de todos os avanços: o aumento da superfície em risco de segurança. É aqui, segundo a Security Intelligence, que a Inteligência Artificial (IA) vai provocar uma mudança tectónica. A combinação das tecnologias na Inteligência Artificial das Coisas (AIoT) permitirá transformar a indústria da segurança e resolver vários dos problemas que têm afetado o segmento durante anos. Só na primeira metade de 2023, o número de incidentes com malware decuplicou em ambientes OT e IoT e os alertas para aplicações indesejadas dispararam 96%, segundo um relatório da Nozomi Networks Labs.
“A Inteligência Artificial das Coisas (AIoT) combina o conhecimento baseado em dados das tecnologias IA com os dispositivos conectados da infraestrutura IoT”, descreve a Security Intelligence. Esta combinação permitirá melhorar a eficiência dos dispositivos IoT através de machine learning (aprendizagem de máquina) e deep learning, levando a aplicações de cibersegurança mais eficazes e capazes de identificar ameaças mais rapidamente.
O uso de IA também levará a mais visibilidade e melhor análise, visto que facilita o escrutínio rápido de grandes quantidades de dados e de forma contínua. É possível aplicar controlos mais robustos, com “fechaduras” inteligentes, incrivelmente úteis em sectores como a banca e a saúde.
As próprias redes vão beneficiar desta combinação, como explica ao Dinheiro Vivo Pedro Santos, que lidera a divisão Network Development do cluster europeu da Vodafone.
“É uma inevitabilidade utilizar algoritmos de IA para aumentar a segurança das redes”, indica. “Existem cada vez mais ameaças à integridade das redes.” Com o desenvolvimento da tecnologia e a sua democratização, a tendência será para continuar – sendo que a IA vai ser usada dos dois lados, incluindo o dos atacantes.
“É uma questão de a IA de defesa ser superior à IA de ataque”, resume Pedro Santos.
A questão está na ordem do dia também para as empresas portuguesas, que estão a assistir à rápida evolução das tecnologias de IA em pleno processo de transformação digital.
“É um tema super crítico”, refere Mafalda Alves Dias, diretora de grandes contas e sector público da Vodafone Portugal. “Tenho de ter a certeza que a comunicação entre máquinas é super segura e ninguém vai interferir. “É um tema que preocupa as pessoas.”
Este será um dos ângulos abordados na 5ª edição da Vodafone Business Conference, que decorre na Fundação Oriente, em Lisboa, na próxima semana. O evento marcado para 03 de outubro contará com oradores nacionais e internacionais e será focado na AIoT e nas implicações do desenvolvimento da Inteligência Artificial para as empresas portuguesas.
A conferência “Inteligência Artificial – Do lado certo dos negócios”, que tem inscrições gratuitas, terá apresentações de Arlindo Oliveira, um dos grandes nomes portugueses da IA, Agata Slater (IBM Europa) e Benedict Evans (Reino Unido).
Ana Rita Guerra