A quinta edição da Vodafone Business Conference acontece amanhã, 03 de outubro, na Fundação Oriente em Lisboa e vai debruçar-se sobre os desafios e tendências da IA na era da AIoT, ou Inteligência Artificial das Coisas. É uma combinação de IA e IoT que promete trazer inúmeras vantagens às empresas, incluindo maior produtividade, automatização e redução de custos.
A conferência terá como oradores Arlindo Oliveira, presidente do INESC e professor distinto do Instituto Superior Técnico, Agata Slater, consultora de transformação de negócio da IBM, e Benedict Evans, analista independente da indústria. Além do poder disruptivo da IA, que no último ano captou mais atenção por causa dos avanços na IA generativa, a conferência também irá explorar algo que divide a comunidade científica – a Singularidade Tecnológica. É uma previsão do momento em que as máquinas IA vão ultrapassar a capacidade dos humanos.
“Algumas empresas portuguesas já se estão a preparar para isto”, diz ao Dinheiro Vivo Mafalda Alves Dias, diretora de grandes contas e sector público da Vodafone Portugal.
“Assumindo que vamos chegar a esta fase, que é uma fase por patamares evolutivos, todas as empresas que já estão a trabalhar na automatização de tarefas, por exemplo no sistema produtivo de uma fábrica, com análise de dados e predição, já estão a fazer esse caminho.”
A discussão é útil em Portugal, considera, mesmo havendo muitas empresas que ainda não começaram o processo de digitalização – ou talvez precisamente por causa disso.
“As empresas têm de ter uma posição sensata sobre isto. Esta questão da IA não é nem o hype que se fala nem é a desgraça que algumas pessoas agoiram”, afirma a responsável. “Tem que haver aqui um equilíbrio e as coisas têm de ser feitas com peso e medida, estruturadas e com um plano de progressão dentro da empresa.”
No último inquérito global Fit For the Future, a Vodafone identificou as características necessárias para as empresas se prepararem para este futuro: “têm de ter atitude e foco, têm que ser adaptáveis, porque a inovação não é uma linha contínua, têm que entrar no processo de transformação digital, ter pensamento próprio e atitude positiva.”
Uma grande parte do estudo aponta mais para a mentalidade e postura que para a tecnologia em si. “Também é por isso que estamos a fazer esta conferência, para a dar a conhecer e as pessoas refletirem sobre isso e pensarem de uma forma muito pragmática: vamos fazer um plano e executar”, resumiu Mafalda Alves Dias.
No mercado português, as empresas que estão atentas têm algumas preocupações comuns em relação ao futuro embebido em Inteligência Artificial e a projetos que podem começar a fazer. Uma delas é a cibersegurança; outra é o alinhamento com o seu negócio concreto; e outra é a interoperabilidade com o resto do mundo. “As empresas que fazem muitas exportações querem saber se vão desenvolver isto aqui e se enviar o camião para França ou Suíça isto vai continuar a funcionar.”
Mafalda Alves Dias considera, à semelhança do professor Arlindo Oliveira – um dos oradores da conferência – que Portugal está bem posicionado nesta era de inovação artificial.
“Somos pessoas abertas à inovação, os nossos quadros técnicos são bons e baratos, temos muito bons profissionais, somos criativos, temos abertura à tecnologia”, indica. “Temos os ingredientes todos para que sejamos um balão de ensaio e depois exportar estas soluções”, continua, referindo que a Vodafone Portugal exporta novidades para o resto do grupo e é no país que está a equipa que a componente técnica da Internet das Coisas na empresa.
Um exemplo: uma plataforma chamada Economia das Coisas que a Vodafone Portugal está a criar vai lançar ainda este ano para todo o grupo. A ideia é tornar independente a comunicação entre duas máquinas. Imagine que o carro elétrico pede ao carregador que o carregue. “Se eu tiver esta comunicação unívoca e segura, consigo pôr uma transação comercial em cima disto. Posso pôr o próprio carro a pagar à bomba de abastecimento, que neste caso é um carregador elétrico”, descreve Mafalda Alves Dias. “Temos n casos de estudo que andamos a trabalhar.”
A Vodafone Business Conference dedicada ao tema “Inteligência Artificial – Do lado certo dos negócios” decorre amanhã em Lisboa, com inscrições gratuitas no site dedicado.
Ana Rita Guerra