É segunda-feira de manhã. Olha para a agenda da semana e percebe que tem duas reuniões marcadas para a mesma hora: uma via Zoom, e uma via Microsoft Teams. A qual vai ter de faltar? A nenhuma, se as tecnológicas por detrás destas plataformas o puderem evitar. Com as capacidades de Inteligência Artificial generativa que estão a ser adicionadas, será quase possível participar em duas reuniões ao mesmo tempo.
As novas funcionalidades incluem um sistema IA que tira notas da reunião, faz um resumo com destaques e pode até colocar questões por si no chat. É só o começo de uma reinvenção dos assistentes digitais que está a decorrer e deverá acelerar ao longo dos próximos meses.
Todas as grandes tecnológicas estão a fazê-lo. A Microsoft, que investiu 10 mil milhões de dólares na OpenAI, criadora do ChatGPT, irá disponibilizar às empresas a partir de 1 de novembro o Microsoft 365 Copilot, que usa IA para facilitar o dia-a-dia dos profissionais. A companhia chama-lhe “o companheiro IA do quotidiano” e promete “transformar completamente” a forma como se trabalha.
A Zoom também lançou recentemente o AI Companion, ou Companheiro IA, que faz coisas como ajudar os profissionais a escrever emails e mensagens, resumir o que se discutiu numa reunião ou numa conversa de chat, e auxiliar sessões de ‘brainstorming’ criativo. Está disponível para quem subscrever a versão Zoom One Pro da plataforma de comunicação.
Outra empresa que embarcou na transformação dos seus serviços com IA generativa é a Google. Durante o lançamento dos novos smartphones Pixel 8, a empresa revelou que vai disponibilizar em breve o Assistente Google com Bard. Trata-se de uma combinação interessante, visto que o Bard foi a resposta da gigante de Mountain View ao sucesso do bot de conversação ChatGPT. Este assistente renovado poderá ajudar os utilizadores a planear uma viagem, encontrar detalhes no mar de emails que entope a caixa de correio eletrónico, criar listas de compras, e até inventar legendas interessantes para fotografias nas redes sociais. A integração com aplicações como Gmail e Docs é particularmente interessante, ajudando a encontrar e resumir informação. O Assistente com Bard pode ser ativado em texto, voz e imagens e será lançado nos próximos meses.
A lógica é a mesma com a Amazon, que anunciou uma mega intervenção na Alexa para injetar capacidades de IA generativa que a vão tornar mais útil e capaz de ter conversas em linguagem natural com os seus utilizadores. Uma das diferenças será a fluidez da conversa; agora, é preciso dizer “Alexa” no início de cada interação e isso deixará de ser assim. Será possível dar múltiplos comandos de uma só tirada e a versão melhorada por IA será capaz de processar nuances e ambiguidades. Todos os dispositivos Amazon Echo terão as novas capacidades.
A febre da IA generativa é tão intensa que nenhuma empresa quer ficar de fora, mesmo que ainda não seja totalmente claro como o mercado se vai desenvolver e qual a utilidade real de todos estes avanços, bem como o enquadramento legal que terão.
Este foi um dos temas abordados na Vodafone Business Conference sobre Inteligência Artificial, feita em parceria editorial com o Global Media Group. Veja ou reveja a conferência aqui.
Ana Rita Guerra