A aplicação de tecnologias de Inteligência Artificial permitirá tornar a futura condução autónoma mais segura e um projeto desenvolvido em Portugal pela Bosch e Universidade do Porto vai contribuir para isso. O projeto THEIA – Perceção para a condução autónoma acaba de ser concluído pelo consórcio, depois de três anos de investigação e desenvolvimento de tecnologias para carros autónomos. Representou um investimento de 28 milhões de euros, envolveu 250 profissionais e teve como meta a publicação de 33 artigos técnico científicos e a submissão de 10 pedidos de patente.
“As atuais estratégias de Inteligência Artificial necessitam de muitos dados, e os resultados do THEIA são essenciais para o desenvolvimento de novas inovações para a condução autónoma”, disse ao Dinheiro Vivo fonte oficial da Bosch. “Dados manualmente etiquetados foram criados e com esta informação é possível desenvolver algoritmos que validam as hipóteses com clareza, o que, caso contrário, seria impossível.”
Para que o veículo perceba com a maior exatidão possível onde está e tudo o que o rodeia, precisa de algoritmos avançados que trabalhem os dados provenientes de múltiplos sensores. Foi aqui que o consórcio incidiu o seu trabalho.
“O projeto teve como objetivo a melhoria das capacidades sensoriais de veículos autónomos, implementando e validando algoritmos de perceção baseados nos dados recolhidos pelos seus sensores, para construir uma visão/perceção exata, robusta e segura da sua envolvente exterior”, explicou fonte da empresa.
“Os resultados serão aplicados em vários dos projetos de condução autónoma, em andamento hoje na Bosch”, acrescentou a mesma fonte. A comunicação baseia-se nas redes móveis 4G e 5G e as soluções desenvolvidas dão aos veículos uma perceção mais avançada que a humana, reconhecendo e distinguindo todo o tipo de intervenientes – desde ciclistas e peões a outros veículos e funcionando em condições atmosféricas adversas.
Há ainda um outro componente importante no trabalho desenvolvido no âmbito do THEIA e que é relativo à cibersegurança. O consórcio desenvolveu várias soluções para assegurar que os dados usados nos algoritmos de perceção não são comprometidos, nomeadamente infraestruturas tolerantes a intrusões – que usam uma abordagem multidisciplinar onde se inclui cibersegurança, confiabilidade e Inteligência Artificial. Mesmo em caso de intrusão parcial do sistema, são capazes de garantir a autenticidade e integridade da informação que flui entre os veículos autónomos e a infraestrutura. Com a implementação das tecnologias desenvolvidas no âmbito do THEIA o veículo saberá como comportar-se nessa situação, sem ter de parar ou sequer abrandar.
Ana Rita Guerra