A adesão a projetos de Internet das Coisas acelerou nos últimos dois anos, diz a IBM Portugal
Nos últimos dois anos, o número e a dimensão de projetos de Internet das Coisas em Portugal aumentou de forma significativa. E as áreas que estão mais ativas são a indústria 4.0 e o sector público ao nível da administração local. É o que diz ao Dinheiro Vivo Frederico Muñoz, Chief Architect da unidade de serviços de tecnologia globais da IBM. “Temos observado que existe um interesse elevado por parte de organismos municipais, dado o potencial das tecnologias IoT ao poderem ser aplicadas de forma a melhorar a gestão de toda uma quantidade de serviços e também melhorar a experiência dos munícipes”, explica o responsável da gigante tecnológica, cuja abordagem ao mercado é feita através da unidade de negócio Watson IoT. Frederico indica que o sector dos transportes também demostra “bastante vitalidade neste campo”, tendo sido pioneiro na adoção de algumas abordagens que hoje se englobam no IoT. É o caso da geolocalização de viaturas e a integração dos dados de veículos em plataformas unificadas.
No norte do país, a tecnológica fechou um acordo com a empresa municipal Transportes Urbanos de Braga, para fornecer serviços personalizados aos utilizadores de transportes públicos com base numa plataforma IoT. “Ao tirar partido da plataforma IBM Intelligent Operations Center, juntamente com recursos da plataforma IBM Watson IoT na IBM Cloud, os TUB estão já a reunir enormes quantidades de dados de diferentes fontes, incluindo mapas de localização geográfica, clima e meio ambiente, Internet, emissão de bilhetes e telemetria dos veículos, para melhorar o transporte público da cidade e a experiência individual dos passageiros”, revela Muñoz.
Devido ao interesse e potencial, a IoT é uma área que a IBM em Portugal tem vindo a desenvolver de forma consistente. “São projetos com muito interesse e que nos permitem conjugar os serviços de integração e suporte com o vasto leque de ofertas em IBM Cloud disponíveis – incluindo Watson IoT mas também todo o conjunto de API cognitivas da IBM e terceiros”, refere Frederico Muñoz. A outra área muito ativa é a indústria, onde a IBM tem projetos a decorrer em sectores diversificados, desde as embalagens à indústria farmacêutica. Estes projetos enquadram-se no contexto da ‘Indústria 4.0′: “ou seja, o aprofundar da automação assente em IoT, computação em cloud e interface com os sistemas industriais.”
O exemplo do Porto de Roterdão
Um dos projetos internacionais mais recentes da IBM é uma parceria com o Porto de Roterdão, na Holanda, com o objetivo de digitalizar as operações e processos relacionados com o transporte marítimo. O acordo com o maior porto da Europa inclui uma forte componente de instalação de sensores e análise de dados, com a integração de várias fontes de dados numa único interface. Entre os sensores estarão os “golfinhos digitais“, que vão recolher informações relativa às condições da água em tempo real de vários locais estratégicos dos terminais. “Esses dados alimentarão não só a interface de operação única, mas tornarão possível a aplicação de todo um conjunto de abordagens de machine learning e de inteligência artificial”, sublinha o chief architect da IBM. Muñoz considera que projetos semelhantes seriam benéficos nos portos portugueses. E embora considere difícil, “devido às especificidades que sabemos existir em termos dos desafios concretos de cada porto”, é uma possibilidade que a IBM já está a analisar.
Ana Rita Guerra