O cofundador Nuno Ferreira vai falar dos projetos d ThinkDigital na Vodafone IoT Conference, que reunirá especialistas sobre o tema em Lisboa
Ainda não se falava em indústria 4.0 quando a ThinkDigital começou a desenvolver soluções para o ambiente industrial. A tecnológica portuguesa nasceu no seio de um grupo industrial, Serimm, o que lhe permitiu ter uma perspetiva prática desde o início dos desafios e necessidades deste segmento. “Não somos uma empresa tecnológica convencional”, afirma Nuno Ferreira, cofundador e membro do comité de direção da ThinkDigital. O executivo será um dos oradores da Vodafone IoT Conference, que decorre na próxima semana em Lisboa com o objetivo de mostrar casos concretos da aplicação de Internet das Coisas.
No caso da ThinkDigital, a experiência neste mercado é um das suas grandes mais-valias. As primeiras soluções foram desenvolvidas para a área de telecomunicações e dos sistemas de informação para ambiente industrial. “Depois entrámos na área dos sensores, que na altura se designava redes M2M, e formámos uma área orientada à inteligência operacional de frotas apoiada por sensores GPS”, explica o responsável. Foi aí que surgiram os sensores da indústria 4.0, com um projeto emblemático desenhado para a Sonorgás para desenvolver o sistema de monitorização e telecontrolo de todos os pipelines de gás natural no interior do país. “Desenvolvemos toda a componente tecnológica local, sistemas de gestão e informação e continuamos com esse projeto”, conta.
A parceria com operadores de telecomunicações apareceu naturalmente, porque usavam os cartões para a comunicação entre máquinas, e foi criada uma relação de gestão de produto. “Começámos por desenvolver tecnologias no âmbito da monitorização de edifícios inteligentes, eficiência energética e depois também indústria 4.0.” A empresa consegue aproveitar as sinergias com o grupo industrial Serimm, que por vezes subcontrata para ajudar em projetos de grandes dimensões. Há dois anos, por exemplo, a ThinkDigital fez a monitorização do Rock in Rio com a Vodafone, e isso incluiu a instalação de estruturas metálicas.
O salto internacional
Com uma faturação que ronda os 750 mil e um milhão de euros por ano, a ThinkDigital já começou a exportar tecnologia. A internacionalização é um processo que os alicia, nomeadamente por intermédio de parceiros. Já no final de fevereiro, estarão em destaque no stand da Vodafone no Mobile World Congress, em Barcelona, uma exposição que vão aproveitar para fazer prospeção de oportunidades. “Esse objetivo está traçado”, frisa Nuno Ferreira. “Vamos representar a nossa tecnologia além- fronteiras, porque a internacionalização faz-se com esta rede de conhecimentos.” Um dado curioso é que a tecnologia da ThinkDigital começou a ir para fora de portas há bastante tempo, quando se tornaram parceiros do grupo JP Sá Couto no desenvolvimento de tecnologias educacionais – inicialmente incorporadas nos tablets Magalhães.
A ligação à JP Sá Couto veio da fase inicial da marca, quando desenvolvia equipamentos na área dos servidores e sistemas de redes para ambiente empresarial. Depois do Magalhães, a JP Sá Couto reinventou-se como JP – Inspiring Knowledge e desenhou os tablets MyMaga, que vende para dezenas de países. A ThinkDigital tornou-se um parceiro estratégico. “Fomos os projetistas e pioneiros no processo de desenvolvimento das apps educacionais para os tablets deles.”
Ana Rita Guerra