Entre 01 e 05 de outubro, a Singularity University em Silicon Valley terá em curso o seu novo programa executivo de 2023, com 80 participantes e 20 especialistas a liderar os trabalhos. Sob o mote “Repense o que é possível”, o programa propõe-se dar aos participantes perspetivas únicas sobre o futuro, uma rede pessoal de líderes alinhados e conhecimento valioso através de workshops imersivos. É um convite a “entrar no futuro” e a criar o seu próprio mapa de inovação, usando ferramentas únicas.
Embora esteja virada para liderança e estratégias de inovação mais imediatas, a SingularityU apela a uma ideia que se tornou repentinamente presente nos últimos nove meses, desde que a Inteligência Artificial Generativa entrou no léxico de toda a gente.
O advento do bot de conversação ChatGPT e o reconhecimento das novas capacidades dos grandes modelos de linguagem (LLM, na sigla inglesa) trouxe para a linha da frente a discussão sobre a Singularidade Tecnológica, um conceito que já existe desde os anos cinquenta do século XX mas que nunca tinha aparecido tão provável como agora.
O MIT (Massachusetts Institute of Technology) define a Singularidade como o momento em que os humanos vão ser ultrapassados por máquinas de Inteligência Artificial e/ou inteligência biológica cognitivamente aperfeiçoada. O futurista Ray Kurzweil, que esteve na origem do Singularity Summit há mais de 15 anos, prevê que este ponto vai acontecer em 2045. Kurzweil fala de “uma mudança tecnológica tão rápida e profunda que representa uma ruptura no tecido da história humana.”
Mas o que significa isso realmente para as gerações que estão agora a integrar a IA nas suas vidas e nos seus negócios?
“Nós não estamos na fase de chegarmos a esse ponto em que as máquinas ultrapassam os humanos, estamos a caminhar para lá”, diz ao Dinheiro Vivo Mafalda Alves Dias diretora de grandes contas e sector público da Vodafone Portugal.
“A Singularidade é um bocadinho como a religião: há os crentes, os ateus e os agnósticos”, considera. “Os crentes estão desejosos que aconteça, os ateus acham que nunca vamos chegar a esse momento e os agnósticos estão à espera para ver o que acontece.”
A empresa escolheu como tema da Vodafone Business Conference 2023 a Inteligência Artificial das Coisas (AIoT, na sigla inglesa) juntamente com a Singularidade, uma forma de projetar um futuro que parece ter encurtado a distância para o momento presente.
Mafalda Alves Dias frisa que aquilo que estamos a ver agora é incipiente.
“A fase em que estamos atualmente é uma fase em que as máquinas já conseguem ajudar muito os humanos”, descreve. “Há muitas tarefas que no passado eram feitas por pessoas e já conseguimos pôr máquinas a fazê-las, como automatização, conseguimos pôr máquinas a analisar os resultados de determinadas operações e a tomarem decisões com base nessas operações.”
No entanto, “ainda estamos num momento em que a pessoa é a dona do processo.” A executiva prevê que cada vez mais tarefas – e com maiores níveis de complexidade – serão substituídas por máquinas e isso acontecerá ao longo de um período razoável de tempo, gradualmente passando a fase da decisão para as máquinas.
“O que acredito em termos de Singularidade é que não vai ser um Big Bang”, frisa. “Isto vai ser gradual até chegar a um dia em que olhamos para trás e vemos que a máquina já está a fazer tudo sem nós”, antecipa. “É um processo evolutivo.”
Ana Rita Guerra