A nova estratégia da Dell Technologies terá impacto na estratégia em Portugal
Após a aquisição da EMC e transformação em Dell Technologies, a empresa fundada por Michael Dell começou a ouvir grandes clientes dizerem que precisavam de uma solução completa de Internet das Coisas. Uma infraestrutura para a próxima revolução industrial, algo de que se tem falado muito nos últimos tempos. O crescimento do mercado levou a gigante a tomar uma decisão ambiciosa: criou uma nova divisão exclusivamente dedicada à IoT e anunciou um investimento de mil milhões de dólares no segmento durante os próximos três anos. A Dell nomeou o ex-diretor de tecnologia da VMware Ray O’Farrell para liderar esta nova divisão, com a missão de orquestrar soluções transversais que capitalizem no portfólio alargado da empresa.
A estratégia também vai fazer-se sentir em Portugal. António Jerónimo, que lidera a equipa de pré-vendas corporativas da subsidiária nacional, diz ao Dinheiro Vivo que há cada vez mais empresas interessadas em projetos desta natureza. “Na realidade, hoje em dia são as organizações que proativamente nos procuram para conhecer melhor esta área e como poderemos colaborar”, indica o responsável. A subsidiária teve um papel evangelizador em anos recentes que acabou por dar frutos junto dos seus clientes. “Esperamos que dentro de um par de anos a Internet das Coisas contribua significativamente para a faturação da nossa empresa”, adianta António Jerónimo.
A Dell Technologies tem os olhos postos principalmente nos mercados com maior relevância económica, como a indústria automóvel e o turismo. “A concorrência e o espirito empreendedor normalmente associadas a estas áreas são o fermento necessário para uma receita que resulte em projetos inovadores”, considera o responsável. “Otimizar a utilização de recursos através do acompanhamento do processo de produção automóvel, analisar imagens recolhidas a partir dos principais pontos turísticos, são meros exemplos do que é possível atingir tendo como base mais dados, recolhidos e processados no Edge, e a capacidade de tomar decisões baseadas em informação relevante.”
A tecnológica texana acredita que tem vantagens decisivas em relação a outros fornecedores devido à abrangência das suas soluções, que vão da recolha à análise de dados, virtualização, armazenamento e processamento de volumes de dados muito grandes e mecanismos de segurança embebidos. A força da Dell vem das várias empresas que foi adquirindo ao longo dos anos, como a RSA, VMware e mais recentemente EMC.
“A Internet da Coisas é considerada pela Dell Technologies como uma das principais prioridades para os próximos anos”, estabelece António Jerónimo. Ainda assim, a subsidiária tem noção de que o tecido empresarial português continua expectante, considerando que o mercado está numa fase “bastante embrionária.” A situação mais comum é a de análise, com as empresas a olharem para o que pode ser feito. É por isso que Jerónimo considera que o papel da Dell e de outros fornecedores de tecnologias é crucial neste momento, porque é preciso convencer os decisores de que vale a pena apostar em projetos IoT. “Recolher mais dados, a partir de mais pontos dispersos, tem que ter um objectivo, uma justificação, um impacto financeiro no negócio”, explica Jerónimo. Na sua opinião, este é um elemento crítico para uma adoção mais generalizada e acelerada da IoT no mercado português.
Ana Rita Guerra