Todos os meses as previsões são atualizadas por diversas consultoras, porque o mercado está a crescer e há novos players a entrar. Os números mais recentes vêm da IHS Markit, que aponta para que até ao final de 2018 haja 31 mil milhões de dispositivos conectados, numa rede massiva de Internet das Coisas.
O grande impulso está a ser dado pela necessidade de aparelhos conectados virados para aplicações comerciais e industriais, diz a consultora, que é especializada em análises de negócio. Estas duas áreas de aplicação estão a registar interesse exponencial nos segmentos de automação em edifícios, automação industrial e iluminação. Só estes sectores representarão metade de todos os dispositivos conectados entre 2018 e 2030.
O que a IHS Markit refere, tal como outras casas de análise já apontaram, é que estão a registar-se transformações significativas neste espaço devido ao advento de tecnologias disruptivas.
“A Internet das Coisas não é um fenómeno recente, mas o que é mesmo novo é que agora está a funcionar de mãos dadas com outras tecnologias transformadoras, como inteligência artificial e a nuvem”, explica Jenalea Howell, diretora de pesquisa para conectividade IoT e cidades inteligentes na IHS Markit. “Isto está a alimentar a convergência de verticais como a IoT industrial, cidades e edifícios inteligentes, e a casa conectada”, acrescenta, “e está a aumentar a concorrência.”
No relatório IoT Trend Watch que a IHS Markit acaba de divulgar são apontadas quatro tendências principais que irão marcar a indústria da Internet das Coisas este ano. A consultora identifica os drivers como sendo Inovação e Competitividade, Modelos de Negócio, Padronização e Segurança e Inovações na Tecnologia Wireless.
Neste campo, há tanto boas como más notícias. Por um lado, a oportunidade do mercado IoT atraiu uma série de soluções wireless – mas muitas são redundantes. Estamos a falar de Bluetooth, Wi-Fi, 5G, NB-IoT, LoRa e Sigfox. O que a IHS Markit diz é que é estamos a aproximar-nos de uma consolidação de standards, mas que a confusão e fragmentação vão dominar pelo menos no curto prazo.
Por outro lado, as organizações estão a apostar na localização dos dados como vantagem competitiva; o que isto significa é que começa a destacar-se uma abordagem híbrida à gestão da nuvem e dos centros de dados. A IHS Markit prevê que cada vez mais empresas invistam num mix de centros de dados on-premises e serviços na nuvem off-premises, para gerirem a sua infraestrutura de TI.
Aqui o foco é nas redes de nova geração. O 5G vai capitalizar nos investimentos anteriores em M2M (machine-to-machine) e aplicações IoT tradicionais, permitindo aumentos significativos em economias de escala que irão impulsionar a adoção e utilização em todo os sectores da indústria.
Os preços vão baixar dramaticamente, diz a IHS, devido às melhorias nos requisitos energéticos, a possibilidade de operar em espetro licenciado ou não licenciado, e melhor cobertura.
Uma segunda dinâmica é que 2018 irá trader um foco crescente em capacidades de computação e melhorias de segurança em gateways celulares para IoT.
A cibersegurança é, sem dúvida, uma das principais – senão a principal – preocupação para as empresas que implementam projetos de IoT. As implementações enfrentam riscos significativos porque há potencialmente muito mais dispositivos que é preciso defender quando se compara com uma infraestrutura de TI tradicional. Isto aumenta o risco para os sistemas de computação e comunicação tradicionais, além de receios relativos à segurança pessoal.
A IHS Markit toca aqui num ponto que não é consensual entre analistas: a possibilidade de a tecnologia blockchain ser usada para resolver estes receios. Este relatório diz que o blockchain “não é uma panaceia.” As aplicações IoT que serão defendidas com recurso a blockchain vão focar-se no rastreio e gestão de bens.
Neste momento, há mais de 400 fornecedores de plataformas IoT, um número que pode surpreender tendo em conta que as plataformas estão a tornar-se cada vez mais integradas. O relatório explica que os fornecedores estão a usar a integração para competirem entre si de forma mais eficaz, oferencendo funcionalidades muito integradas para programadores de aplicações IoT e os seus utilizadores.
A consultora prevê que uma onda de “inovação significativa” irá ocorrer quando os programadores de aplicações IoT puderem alavancar os dados dos muitos sensores e máquinas que vão sendo instalados, além de dados armazenados. É ainda referido que um ponto de inflexão para a IoT será a mudança gradual do modelo de implementação atual, a que chama de “Intranets de Coisas”, para outro em que os dados podem ser expostos, descobertos, apropriados e partilhados com programadores de aplicações terceiros.
No final do ano passado, a IHS Markit lançou um e-book gratuito, “The Internet of Things: a movement, not a market”, onde projeta que as transmissões de dados globais vão crescer de 20% a 25% ao ano para 50% durante os próximos cinco anos.